A dona da tua casa
A morte é moça de buço
Que coça com faca cega
As dobras sujas da pança
A morte é velha e criança
É tua mãe e te nega
A morte sua e se embaça
Essa mulher sem-vergonha
Maquiada de fumaça
Tem um bafo de pimenta
Bem no hálito das pernas
A sua roupa é de rugas
A sua boca é de trevas
A morte é mofa, balofa,
Banguela e feia e vizinha
Eu só vejo a morte tua
Tu só vês a morte minha
É uma rã escondida
Na poeira das panelas
É uma aranha cosendo
A teia atrás das janelas
Ela rouba tua louça
E dispersa teu faqueiro
Ela toma teus lençóis
Ela tira teu dinheiro
Te acompanha a vida inteira,
Um sentimento bizarro,
Tem um corpo de madeira
Tem um coração de barro
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