Tuesday, February 28, 2012

Futuro

Minha meta é virar árvore
Se não me enterrarem muito fundo
Se não cimentarem o cemitério
Acabo sendo

Meu vício


(Uma tentativa de blues para uma amiga também blues)


Enquanto sua ioga não dá jeito,
Eu prefiro a dureza de um peito
Que saiba ouvir
Enquanto sua praga faz efeito
Me viro no meu vício no meu leito
E me estico por aí

Eu não quero uma heroína
Nem a musa da esquina
Nem a fera alucinada da notícia
Nem a liga da justiça
Eu quero só um amor
Só amor, sem desperdício
Sou eu sozinha e meu vício
Na faxina e na carícia

Eu deixo as canelas na cozinha
O café e a chaleira
E me enrosco no meu vício manhazinha
Tudo em minha mesa é trabalho ou mezinha
Eu tenho um gato e um violão
E papéis na casa inteira


Minha noite é um segredo
Eu me viro no meu vício
Meio dia, o dia inteiro
Um sorriso um precipício
Já não quero mais sigilo
Eu me viro no meu vício