Monday, October 18, 2010

Wednesday, January 27, 2010

Depois de algum tempo visitando cemitérios, percebi que outras pessoas deixavam, em covas e nas áreas comuns de oração, junto às velas, copos e pequenas garrafas de água. De repente, lembrei-me de que no Ofício das Almas, mais de uma vez se fala em "secura" e sede das almas que estão no purgatório e ali se menciona claramente "o rico avarento". Também, em outros livros há referências a Lázaro cruzando com o tal rico. Pesquisando na internet, localizei a seguinte passagem bíblica, que pode fundamentar, em parte, o costume de levar-se àgua às covas:



"Parábola O rico avarento e Lázaro na Bíblia

Ora, havia um homem rico, e vestia-se de púrpura e de linho finíssimo, e vivia todos os dias regalada e esplendidamente. Havia também um certo mendigo, chamado Lázaro, que jazia cheio de chagas à porta daquele. E desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as chagas. E aconteceu que o mendigo morreu e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico e foi sepultado. E, no Hades, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão e Lázaro, no seu seio. E, clamando, disse: Abraão, meu pai, tem misericórdia de mim e manda a Lázaro que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que recebeste os teus bens em tua vida, e Lázaro, somente males; e, agora, este é consolado, e tu, atormentado. E, além disso, está posto um grande abismo entre nós e vós, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem tampouco os de lá, passar para cá. E disse ele: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos, para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.

Lucas 16:19-29"

Refletindo um pouco mais, lembrei que Lázaro integra uma parábola, ou seja, é um personagem fictício, mas em muitas regiões do Brasil ele é tomado como um santo real, representado por um mendigo que tem as feridas lambidas por cães, e normalmente associado a Omolu, orixá que rege o mundo dos mortos. Ainda a propósito da parábola acima, uma interessante leitura associa o rico ao povo judeu, que tem originalmente todas as  bênçãos derramadas por Deus, enquanto Lázaro representaria os não-judeus que viviam das migalhas de bênçãos que os judeus deixavam cair ao chão. No entanto, segundo esta mesma leitura, que toma um enfoque cristão, o povo-não judeu mostra-se mais digno da salvação do que os descendentes de Abraão.